terça-feira, 1 de abril de 2008

FERNÃO LOPES

Cronista de D. João I, guarda-mor das escrituras da Torre do Tombo, é a figura mais importante da literatura portuguesa medieval.
A sua importância reside no cuidado em fundamentar a escrita historiográfica em provas documentais, assim como no talento de que dá provas como escritor, descrevendo com minúcia e vivacidade as movimentações de massas (sobretudo durante as sublevações de apoio ao Mestre de Aviz, em Lisboa) e algumas cenas dos eventos que regista, incluindo diálogos, o que consegue não só com remissões a testemunhos fidedignos mas também com uma capacidade de manejar a linguagem que coloca a imaginação ao serviço da verdade, que diz ser a sua grande preocupação.
A sua principal obra é a Crónica de D. João I, através da qual conhecemos muitos dos factos desta época.
Na Introdução à Crónica de D. João I, Fernão Lopes diz-nos o seguinte, resumindo as suas preocupações na escrita e na busca da verdade:
“Porque escrevendo o homem do que não é certo, ou contará mais curto do que foi, ou falará mais largo do que deve; mas mentira em este volume, é muito afastada da nossa vontade. Ó! Com quanto cuidado e diligência vimos grandes volumes de livros, de desvairadas linguagens e terras; e isso mesmo públicas escrituras de muitos cartórios e outros lugares, nas quais depois de longas vigílias e grandes trabalhos, mais certidom haver não podemos da conteúda em esta obra.”